domingo, 23 de agosto de 2009

Meu avô Othon



Passeando na net, nem sei como cheguei até aqui,mas que alegria!Encontrei este artigo sobre o meu amado e inesquecível Avô.
Puxa, tanto tempo já passou!E eu era tão pequena quando ele se foi, mas ainda há memórias tão claras, que saudades....

Foi um GRANDE AVÔ!
Vejam o que ainda escrevem sobre ele:

Saiu no Correio do Contestado, 01 de Agosto de 2009
"UM GRANDE INTELECTUAL CATARINENSE
Formei-me em Direito, na turma de 1966. Nos seis anos em que tive o privilégio de freqüentar aquela catedral de ensino e saber, pude conviver com inúmeros colegas de grande valor, que brilham na judicatura, advocacia, no movimento cultural e na vida pública.Mas inesquecível, mesmo, foram alguns mestres que tiveram a capacidade de lapidar com esmeril a pedra semi-bruta tão carinhosamente esculpida por nossos pais. Mestres como os Drs. Osmundo Wanderley da Nóbrega, Madeira Neves e Henrique Stodieck, e o professor de Direito Romano, Othon da Gama Lobo D'Eça, cujos 117 anos de nascimento transcorrerão nesta segunda-feira, 3 de agosto.Ele era um dos 37 Bacharéis em Direito domiciliados em Florianópolis que, no dia 2 de fevereiro de 1932, receberam convite da Comissão Especial que pretendia instituir o ensino jurídico em Santa Catarina. Foi um de seus fundadores e, posteriormente, um de seus mais importantes mestres.No local, o primeiro andar de um prédio (ainda existente) localizado na Rua Felipe Schmidt, no 2, esquina com a Praça 15 de Novembro, em Florianópolis, foi aposta uma placa solene: “Faculdade de Direito de Santa Catarina”.A veia humorística e galhofeira dos ilhéus não perdoou a novidade. Como no térreo, funcionava, há anos, a Alfaiataria do Didico, deram esse apelido à novel Faculdade.Gama D'Eça, junto com outros beneméritos, além de custear o espaço físico, doou ações do Banco de Crédito Popular e Agrícola, viabilizando os primeiros tempos da então nascente faculdade.Em 3 de maio de 2002, na comemoração dos setenta anos da primeira aula de Direito ministrada em Santa Catarina, o Des. Norberto Ungaretti lembrou uma passagem que merece registro. O prof. Moura Ferro, catedrático de Introdução à Ciência do Direito, repetia em suas aulas que “o direito é um fenômeno social”. Isto de manhã. À tarde, o prof. Gama D'Eça, catedrático de Direito Romano, ensinava-nos que “o direito é um fenômeno natural”. Provocado por um aluno sobre esta contradição, e perguntado em que se devia acreditar, o prof. Moura Ferro respondeu, com um sorriso, que mal disfarçava a simpatia e a amizade que devotava àquele seu colega e amigo: “O Gama D'Eça, sendo professor de Direito Romano, está dois mil anos atrasado”.Além de mestre do Direito Romano, Gama D’Eça era dedicado à literatura, especialmente à poesia. Ainda estudante de Direito, publicou, em 1918, seu primeiro livro “Cinzas e Brumas”. Fundador da nossa mais antiga Faculdade de Direito, “Baby” Gama D’Eça (como era carinhosamente chamado), fundou, também, depois de várias tentativas frustradas (com Altino Flores, José Arthur Boiteux e outros), a Academia Catarinense de Letras, cujos estatutos foram aprovados em maio de 1921, e cuja instalação deu-se a 15 de novembro do mesmo ano. No Conselho Universitário, onde representei os alunos, tive o privilégio de muitas conversas com ele. Além de extremamente culto, tinha um fino bom humor.Imortal pela sua copiosa obra, Othon da Gama Lobo D'Eça foi presidente da nossa Academia de literatos, de 1945 até sua sentida morte, em 1965.
LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA – Governador do Estado de Santa Catarina"

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